21 de jun. de 2011

Tá Tudo Errado - Estamos na Idade Média

Julgamos-nos modernos e espertos, alguns até se julgam pós contemporâneos, mas a grande verdade é que ainda somos medievais. Arrotamos liberdades aos ares, no entanto nós prendemos (eu também) a rótulos, ideias tacanhas e ultrapassadas, ainda vivemos com medo dantesco de uma fogueira medieval, não mais uma fogueira real, sim dos julgamentos alheios e talvez de uma fogueira além da vida.

Fala-se tanto em liberdade hoje assim como sempre se falou, porém ela sempre fica aprisionada por um Estado que se diz laico, contudo não é, por pessoas que se dizem modernas, todavia são conservadoras nojentas, por ideias revolucionárias que são sempre boas e glorificadas, porém não podem sair do papel.


Não se pode confundir liberdade com libertinagem ou desrespeito.

Como não sou poeta para cantar sobre liberdade, segue abaixo o texto de Cecília Meireles, que ele faça aos que ainda conseguem pensar que está tudo errado e nem nos tocamos disso:

 Liberdade

Deve existir nos homens um sentimento profundo que corresponde a essa palavra LIBERDADE, pois sobre ela se têm escrito poemas e hinos, a ela se têm levantado estátuas e monumentos, por ela se tem até morrido com alegria e felicidade.

Diz-se que o homem nasceu livre, que a liberdade de cada um acaba onde começa a liberdade de outrem; que onde não há liberdade não há pátria; que a morte é preferível à falta de liberdade; que renunciar à liberdade é renunciar à própria condição humana; que a liberdade é o maior bem do mundo; que a liberdade é o oposto à fatalidade e à escravidão; nossos bisavós gritavam "Liberdade, Igualdade e Fraternidade! "; nossos avós cantaram: "Ou ficar a Pátria livre/ ou morrer pelo Brasil!"; nossos pais pediam: "Liberdade! Liberdade!/ abre as asas sobre nós", e nós recordamos todos os dias que "o sol da liberdade em raios fúlgidos/ brilhou no céu da Pátria..." em certo instante.

Somos, pois, criaturas nutridas de liberdade há muito tempo, com disposições de cantá-la, amá-la, combater e certamente morrer por ela. 
Ser livre como diria o famoso conselheiro... é não ser escravo; é agir segundo a nossa cabeça e o nosso coração, mesmo tendo de partir esse coração e essa cabeça para encontrar um caminho... Enfim, ser livre é ser responsável, é repudiar a condição de autômato e de teleguiado é proclamar o triunfo luminoso do espírito. (Suponho que seja isso.) 
Ser livre é ir mais além: é buscar outro espaço, outras dimensões, é ampliar a órbita da vida. É não estar acorrentado. É não viver obrigatoriamente entre quatro paredes.

Por isso, os meninos atiram pedras e soltam papagaios. A pedra inocentemente vai até onde o sonho das crianças deseja ir (As vezes, é certo, quebra alguma coisa, no seu percurso...) 
Os papagaios vão pelos ares até onde os meninos de outrora (muito de outrora!...) não acreditavam que se pudesse chegar tão simplesmente, com um fio de linha e um pouco de vento! ... 


Acontece, porém, que um menino, para empinar um papagaio, esqueceu-se da fatalidade dos fios elétricos e perdeu a vida. 
E os loucos que sonharam sair de seus pavilhões, usando a fórmula do incêndio para chegarem à liberdade, morreram queimados, com o mapa da Liberdade nas mãos! ... 

São essas coisas tristes que contornam sombriamente aquele sentimento luminoso da LIBERDADE. Para alcançá-la estamos todos os dias expostos à morte. E os tímidos preferem ficar onde estão, preferem mesmo prender melhor suas correntes e não pensar em assunto tão ingrato. 
Mas os sonhadores vão para a frente, soltando seus papagaios, morrendo nos seus incêndios, como as crianças e os loucos. E cantando aqueles hinos, que falam de asas, de raios fúlgidos linguagem de seus antepassados, estranha linguagem humana, nestes andaimes dos construtores de Babel... 

Um comentário:

  1. Hipocrisia devia ser crime! Mas ai as penitenciarias estariam mais cheias e seria perigoso até faltar pessoas para serem 'impositoresdalei'/policiais, pricipalmente no nosso pais, todavia digo, não só nele como pelo mundo à fora!
    Fernando Paiva Ramos Nogueira
    1° ano n°4 ;]

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